Praticamente todos os smartphones mais novos contam com alguma tecnologia de recarga rápida de bateria, mas um estudo conduzido pelo Instituto de Ciência e Tecnologia Avançada da Coreia promete colocar ainda mais capacidade nesse setor.
O projeto dos pesquisadores é, essencialmente, uma bateria de sódio – o mesmo encontrado no sal de cozinha. Essa bateria é conectada a um material de alta capacidade indutiva para recarregar a capacidade energética do componente em, literalmente, meros segundos.
Obviamente, é sempre bom ressaltar que estamos falando de um experimento conduzido em um laboratório, dentro de condições muito específicas e favoráveis. Em outras palavras: até vermos isso reproduzido em um ambiente real – se é que vamos – vai demorar bastante.
Isso dito, o processo não é nada complicado: baseado numa pesquisa anterior conduzida por estudiosos australianos, os cientistas simplesmente trocaram o lítio das baterias normais pelo uso do sódio. Como falamos mais acima com o exemplo do sal de cozinha, sódio é um mineral bem abundante na Terra, podendo ser retirado de praticamente qualquer lugar.
Mas ele tem uma propriedade mais interessante: sua densidade energética é quase a mesma do que se vê no lítio, tanto em capacidade como em estabilidade de transferência.
Na outra ponta, os cientistas usaram um capacitor de alta densidade, cujo material permitiu uma entrega energética cerca de 30 vezes maior do que o padrão de baterias que temos atualmente.
Em termos práticos: uma bateria de notebook que, hoje, levaria cerca de uma hora para ir de 0% a 100%, faria toda essa recarga em no máximo 100 segundos – pouco menos de dois minutos – com uma bateria de sódio.
“Hoje, existe uma demanda cada vez maior por dispositivos de armazenamento de energia eletroquímica com alta densidade e duração prolongada em uma única carga, bem como alta velocidade de recarga em uma série de aplicações, indo desde veículos elétricos até sistemas de grade energética de larga escala”, diz um trecho do estudo.
“O sódio é aproximadamente mil vezes mais abundante que o lítio. Como resultado, o armazenamento de energia eletroquímica baseada em sódio traz um apelo maior que o mesmo armazenamento feito no modelo tradicional de íon-lítio.”
O estudo foi motivado após a constatação de que sistemas híbridos – sódio-lítio – embora confiáveis, trazem baixa densidade energética que, dependendo da aplicação, ou trazer pouca carga, ou suas altas cargas demoram demais a serem carregadas.
Há também que se considerar o peso e volume de cada componente: sódio tende a, digamos, ocupar mais espaço na confecção de componentes que o lítio – em tese, isso mataria a portabilidade de um notebook, por exemplo.
Os cientistas, no entanto, afirmam no relatório técnico que usaram capacidades comparáveis entre os dois sistemas, e mesmo assim obtiveram resultados bem promissores.